sábado, 29 de agosto de 2009

Sonhos, desencontros, expectativas, amores e desilusões. Quantos caminhos errantes são necessários para alguém abandonar suas cidades, fragmentar suas famílias, incendiar as pontes de sua sanidade e nunca tentar retornar do abandono das ruas? O fotojornalista Severino Silva tem uma longa trajetória de compromisso com as questões sociais desde sua chegada ao Rio de Janeiro, vindo de Pirpirituba, na Paraíba, no ano de 1970. E, através da fotografia, ele constrói dia a dia uma rede de relacionamentos nas ruas da cidade, através dos seus anônimos habitantes sem um lar definido.É com a tarefa de fotografar esses moradores de rua que ele retorna alguns dias depois para contrabandear um pouco de dignidade, um remédio que eles precisam, um pouco de água ou alguma comida para entregar naquele momento. E sempre retorna com aquela foto em papel 10 x 15, revelada ali, nos laboratórios do centro, fazendo muito, contando pouco, falando quase que nada para ninguém. Esse é o seu segredo: nas ruas do Centro, da Lapa ao Flamengo, Severo é conhecido, respeitado e querido por essa população de rua que ele anonimamente insiste em fotografar.Este blog é uma tentativa de reencontrar essas pessoas com seus familiares que um dia os perderam para as ruas. São imagens urbanas, são testemunhos realizados por um dos maiores fotojornalistas que trabalha em nosso país. Se a fotografia é um elemento de transformação social, Severino Silva é uma das maiores ferramentas desse processo.

Guillermo Planel R.

2 comentários:

  1. Absolutamente generoso, lúcido, responsável, amoroso, profundo, muito, muito querido este trabalho! Muito querido Severino, muito querido Guillermo, muito queridos amigos pareiros da imagem humana!!!!

    Parabéns!!!! Parabéns!!!!

    É raro encontrar honradez qdo tantos falam em políticas públicas mas o resultado está tb aí na ruas a gritar para os que conseguem saber, como diz minha esposa, Estelita, "o que que pulsa neles além da mídia".

    Carinhosa-mente,
    Evandro Vieira Ouriques

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  2. O professor já falou tudo. O que posso acrescentar? Que este Silva, Severino, faz jus a este nome que traz à mente um Brasil verdadeiro, que pulsa ainda que a mídia o ignore.
    Bela iniciativa, texto tocante, fotos que põem a estética a serviço da consciência cidadã, do humano, da emoção.
    A Tecelã (meu blog) já está seguindo vocês.
    E, caro Guillermo, que belo documentário teríamos aí, hein?
    Fraterno abraço.

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